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A produção de cana-de-açúcar no Brasil apresentou uma queda expressiva na safra 2024/25, com redução de aproximadamente 5,6% em relação ao ciclo anterior, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), totalizando 678,6 milhões de toneladas. A retração impactou diretamente os estoques, que caíram cerca de 70% no centro-sul do país em março de 2025, conforme levantamento da consultoria Safras & Mercado. Como consequência, houve também mudanças no mix de produção: a proporção da cana destinada à fabricação de etanol, que historicamente era de 70%, recuou para 57%, de acordo com informações da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
Essa retração impactou diretamente o mercado, contribuindo para um recuo significativo nos preços do açúcar. De acordo com dados da Bolsa de Nova York (ICE Futures US), desde setembro de 2023 — quando a cotação alcançou US$ 28,00 cents por libra-peso — o valor caiu para US$ 17,60 cents por libra-peso na primeira quinzena de abril de 2025. Além da redução geral na produção, estados como Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo — responsáveis por uma parcela expressiva da oferta nacional — também foram fortemente afetados. Segundo a Conab, a produção conjunta desses estados somou 595,5 milhões de toneladas na safra 2024/25, uma queda em comparação às 713,2 milhões de toneladas registradas em 2023/24. O cenário reflete a influência de múltiplos fatores, incluindo condições climáticas adversas, mudanças na demanda global e ajustes nas estratégias de produção, gerando preocupações sobre os impactos para o setor sucroalcooleiro nos próximos meses.
Para Luiz Almeida, Diretor de Operações Agro da EEmovel Agro, a queda na produção e a alteração do mix de produção têm implicações significativas para o mercado de açúcar e etanol. Além disso, fatores como clima, produtividade e custo de insumos estão moldando um cenário mais desafiador para o setor, afetando diretamente os preços e a rentabilidade dos produtores. "É fundamental monitorar os impactos dessas mudanças, pois as variações de preço e a demanda por etanol e açúcar podem gerar grandes desafios e oportunidades no mercado", comenta Luiz.
Por Julia Dal
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