Av. da Saudade, 85 - Cândido Mota/SP
O aumento de temperatura em março no Brasil e em outros países intensifica alerta climático às vésperas da COP30
O mês de março registrou as temperaturas mais altas de todos os tempos no planeta. Foi o segundo mês mais quente em âmbito global, com a temperatura se situando, pelo 20º mês entre os últimos 21, acima de 1,5ºC - patamar superior ao limite estabelecido pelo Acordo de Paris para conter os piores impactos das mudanças globais, segundo dados da Copernicus (C3S).
"Os dados sobre os níveis da temperatura em março reforçam o que a ciência tem alertado seguidamente, que os impactos das mudanças climáticas estão se intensificando rapidamente e criando situações extremas diferentes em cada região do planeta", alerta Patricia Madeira, CEO da Climatempo.
Em março, a temperatura média da superfície do ar foi de 14,06°C — 0,65°C acima da média entre 1991 e 2020 e 1,60°C mais alta que os níveis pré-industriais.
Na Europa, a temperatura média se situou 2,41°C acima do patamar normal climatológico. O calor foi especialmente intenso no leste europeu e no sudoeste da Rússia. O calor acima da média também atingiu os Estados Unidos, o México, partes da Ásia e a Austrália. Áreas do Ártico, como o arquipélago canadense e a Baía de Baffin, também registraram temperaturas anormalmente altas.
As altas temperaturas em algumas regiões contrastaram com outras, abaixo da média, em poucas localidades, como as registradas no norte do Canadá, a Baía de Hudson e o leste da Rússia, incluindo a Península de Kamchatka.
O que evidência efeito de mudança do clima é ficar acima da média normal dos últimos anos. "As variações acima da média normal por longos períodos, como têm ocorrido nos últimos anos, expressam os efeitos das mudanças climáticas, assim como a alteração na temperatura dos oceanos", observa Patricia, ao destacar que a temperatura média dos oceanos em março de 2025 foi a segunda mais alta registrada para o mês, situando-se em 20,96°C, com destaque para o Mar Mediterrâneo e o Atlântico Norte. "O cenário de calor anômalo contribui diretamente para a perda de gelo marinho, especialmente nas regiões polares", ressalta a CEO da Climatempo.
No Ártico, a extensão do gelo foi 6% menor que a média, o menor valor já registrado para março desde o início das medições por satélite, em 1979. Já na Antártida, a situação também preocupa: a cobertura de gelo ficou 24% abaixo da média, com reduções expressivas em quase todos os setores oceânicos da região.
Secas e enchentes ao redor do mundo
As anomalias de precipitação revelam um planeta dividido entre extremos. No hemisfério norte, a América do Norte enfrentou um março mais seco que o normal, com destaque para os Estados Unidos e o Canadá. A Ásia central, o sudeste da Austrália e partes da América do Sul também registraram menos chuva.
Por outro lado, algumas áreas tiveram chuvas excessivas, como o leste do Canadá, o oeste dos Estados Unidos, a África Austral e o nordeste da Austrália. O Oriente Médio e partes da Rússia também registraram precipitações acima da média, reforçando os extremos climáticos que marcaram o mês ao redor do mundo.
Alerta da ciência e oportunidade para o Brasil
Diante das alterações climáticas extremas, a CEO da Climatempo alerta que é imprescindível que os líderes dos setores público e privado definam o enfrentamento da crise climática como eixo central de suas estratégias de desenvolvimento e tomada de decisão.
"As mudanças climáticas estão criando um cenário de riscos intensos, e nenhum país está imune a eles. E isto requer uma visão estratégica sobre como se antecipar a essas ameaças e minimizar seu impacto sobre a sociedade, a infraestrutura e as empresas", afirma Patricia Madeira.
Ela lembra que o momento também é particularmente estratégico, em função da proximidade da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que terá como sede a cidade de Belém, no Pará. "A realização do evento em território brasileiro representa uma oportunidade histórica para que o Brasil assuma um papel de protagonismo na agenda climática global, posicionando a justiça climática e a preservação dos biomas tropicais como eixos centrais das discussões e dos compromissos internacionais", conclui a CEO da Climatempo.