Consultor avalia efeitos do recuo da China no volume de importação da soja
Mercado deve passar de cenário positivo para uma situação de cautela, afirma em palestra realizada no Centro de Eventos da Coopermota
Depois de um 2018 com barreiras na exportação da soja para os EUA e aumento da exportação brasileira em decorrência das dificuldades de negociação entre EUA e China, o mercado asiático já recua no volume de importação da leguminosa, a partir da adoção do consumo do seu próprio estoque de soja. Esta iniciativa deve afetar diretamente o mercado de grão nos próximos meses para o Brasil. Esta e outras análises foram realizadas em atividade realizada no Centro de Eventos da Coopermota, em uma parceria entre a cooperativa e a FMC que viabilizar a presença de consultores da Agroconsult, que realizam o Rally da Safra em várias partes do País.
“Se o Brasil foi muito beneficiado no segundo semestre de 2018 por ter sido o único fornecedor de soja do mundo, por conta da quebra da Argentina e da guerra comercial da taxação da soja norte americana, desta vez, a gente está vendo uma provável redução de apetite de soja para o mercado internacional. Isso a gente nunca tinha visto. Isso é possível por pelo menos um ano, período em que a China vai consumir o seu estoque, mas isso não é sustentável para os próximos anos. Tem sido possível na safra 2018/2019 e talvez seja possível, com alguns esforços da China, o consumo do seu estoque em 2019/2020, mas depois terá que importar muito mais soja para repor este estoque”, afirma o consultor Fábio Meneghin, da Agroconsult.
Conforme afirma o consultor, esta iniciativa seria inédita em mais de 20 anos, tendo o maior consumidor de soja do mundo com redução de importação. “A gente nunca teve isso antes. Esse que é o ponto mais relevante da guerra comercial”, enfatiza. Diante disso, destaca que o cenário é de “muita cautela”. Afirma que atualmente o cenário é de atenção sobre o mercado, tendo o retorno gradual da China no mercado internacional a partir de compras pontuais dos EUA. “Com isso a gente vê o início do ajuste da situação de mercado dos EUA e um aumento na queda das exportações brasileiras porque a China volta a comprar um pouco dos EUA. O fim da guerra comercial entre os dois países significa uma redução das condições de mercado para nós, brasileiros. A gente voltaria a ter a soja americana com livre acesso no mercado chinês e com isso a gente veria Chicago subindo preços. Com isso, nós teríamos uma queda nos prêmios muito forte aqui no Brasil e uma queda na rentabilidade, ainda maior do que estava previsto na safra 2018/2019”, alerta.