Av. da Saudade, 85 - Cândido Mota/SP
Neste ano haverá ataques pontuais, podendo haver prejuízos severos; a saída é o monitoramento constante, aliado à informação sobre a praga
Durante palestra realizada na noite de segunda-feira, na Coopermota, o consultor baiano, Paulo Edimar Saran, alertou os produtores presentes no evento, de que será necessário buscar novos conhecimentos sobre as melhores formas de manejo para evitar que a Helicoverpa Armigera traga sérios prejuízos às lavouras do Vale Paranapanema e do Brasil, como um todo. A palestra foi assistida por integrantes do setor técnico agrícola da cooperativa, além de produtores da região, sendo realizada no auditório da cooperativa, em uma atividade promovida em parceria com a Milenia.
Segundo o palestrante, a forma engessada de aplicação de produtos químicos não será eficaz para o controle dessa lagarta, tendo em vista a agressividade e as características desta praga. As iniciativas de combate, portanto, devem integrar os aspectos culturais da região, sendo inútil a importação de manejos de outros países, aliando tais dados ao controle biológico e químico.
Saran definiu a Helicoverpa Armigera como uma das piores pragas do setor agrícola, tendo em vista que ela ataca diretamente a produção, não se restringindo à parte vegetal da planta, possui alta capacidade de se tornar mais resistente a produtos químico. Ele explicou que as dosagens de inseticidas destinados ao controle dessa lagarta são sempre maiores, em relação à outras pragas. “Em algodão, essa lagarta é incontrolável, já na soja ainda há condições de controle. Esta é uma praga terrível e o produtor que estiver desinformado ou não acreditar nas indicações de manejo terá problemas nesta safra”, alertou.
A praga está em fase de adaptação no Sudeste e deve atingir algumas propriedades da região, variando de intensidade. Saran afirma que a incidência da Helicoverpa Armigera em lavouras do Vale Paranapanema, como também de outras partes do Sudeste, já é um fato. O questionamento atual está voltado à expectativa sobre a quantidade de lagartas que serão encontradas, o que está diretamente ligado à sua capacidade de destruição das lavouras. Ele destaca que estes dados dependerão de como a praga se desenvolveu no período da entressafra, em meio às ervas daninhas restantes em diferentes propriedades. O problema é que não houve nenhum monitoramento neste período, dado a falta de informações sobre a Helicoverpa existente até então.
O agrônomo da Coopermota, José Gonçalves Massud, destaca que o produtor não pode deixar de acompanhar a sua lavoura de maneira ostensiva. O ataque ainda está começando na região e não dá pra precisar onde que a incidência da lagarta será mais intensa, porém Massud destaca que o produtor precisa estar atento quanto as dosagens aplicadas em suas plantações, seguindo sempre as indicações de manejo adequado e, o mais importante, evitando que a lagarta feche o ciclo nas plantações.
HISTÓRICO DE ATAQUE DA PRAGA
A Helicoverpa foi detectada pela primeira vez na Bahia, na safra 2011/2012. Saran conta que, quando o milho transgênico estava em ponto de pamonha, foram encontradas lagartas nas espigas, o que intrigou as equipes técnicas agrícolas. Quando o ciclo do milho foi finalizado, a Helicoverpa Armigera passou para o algodão irrigado. Tal ataque trouxe muitos danos aos produtores daquela região, já que a produção esperada de 400 arrobas de algodão por hectare passou para 60 arrobas. Em alguns casos, chegou-se a realizar 32 aplicações de inseticidas até o final do ciclo do grão, mas os prejuízos na produção não foram evitados. Saran comenta que este ataque destruidor não ocorreu por erro de manejo, mas sim pela situação incontrolável das lagartas naquela área. Depois do algodão, a Helicoverpa passou para o feijão, provocando uma quebra de 80% naquela produção. Já na safra 2012/2013, todas as culturas foram atingidas pela lagarta, se estendendo para todas as plantações disponíveis. Foi um ataque uniforme.
Conforme Saran, os registros da lagarta na região do Vale Paranapanema, atualmente, estão nos mesmos moldes daquele verificado na Bahia, durante a safra 2011/2012. “Pontualmente, haverá uma ou outra plantação que terá um ataque bastante forte, em que as lavouras serão totalmente devastadas. Já no ano que vem haverá mais controle porque também haverá mais conhecimento sobre esta praga e seu manejo”, estima.
Já foram detectadas Helicoverpas Armigeras nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Pará, Goiás, Paraná, São Paulo, Maranhão e Piauí. Na Bahia, os estragos até o momento estão calculados em 1 bilhão de reais.