Coopermota implanta sistema de gotejamento subterrâneo pioneiro para o setor de grãos
Irrigação que pode ser utilizada em qualquer tipo de terreno e declividade, ou mesmo possíveis obstáculos como postes, torres, matas ou árvores, alcançando a área total de cultivo
Um sistema de irrigação por gotejamento subterrâneo está instalado no Campo de Difusão de Tecnologia da Coopermota para a correção hídrica de uma área de soja em aproximadamente meio hectare. As mangueiras estão enterradas a uma profundidade de 30 centímetros e espaçadas a um distanciamento de 80 centímetros entre uma linha outra. A cada 50 centímetros, estão instalados os gotejadores, com vazão e pressão orientadas pelos tensiômetros instalados em localizações estratégicas para o acompanhamento da umidade do solo. Trata-se de uma iniciativa pioneira para o setor de grãos, sendo já comumente adotado em culturas de citrus e de café. Em Garça, sistema semelhante já é bastante utilizado. Os primeiros resultados desta iniciativa puderam ser acompanhados durante a demonstração técnica da 9ª Coopershow.
A iniciativa foi viabilizada por meio da parceria estabelecida entre a Coopermota e a Irriga Bauru – Sistema de Irrigação Ltda. A empresa é concessionária da Netafim, detentora desta tecnologia. Com este tipo de irrigação, permite-se uma maior economia de água, já que toda a liberação hídrica do gotejamento é controlada, o que reduz desperdícios deste recurso natural. Além disso, o sistema permite a liberação de fertilizantes e outros estimulantes para a planta de forma bastante direcionada, sem que as folhas da soja sejam molhadas, o que também reduz a proliferação de doenças fúngicas.
Neste sistema não existem os vazios de abrangência da irrigação, como ocorre nos sistemas de pivô central, em que pelo menos 21% da área não é atingida pela irrigação devido a sua expansão circular. O diretor comercial da Irriga Bauru, Renato Bilac, explica que este sistema é bastante eficiente, pois a pressurização do gotejador permite que a água se espalhe gradativamente até que toda a área esteja molhada.
Um dos membros da Comissão Organizadora da Coopershow e coordenador do departamento de máquinas da Coopermota, Ebraim Malaquias Júnior, explica que já conhecia o sistema de gotejamento existente na região de Garça, assim como também já possuía contatos com a empresa parceira e por isso intermediou a parceria para trazê-la à cooperativa. “Consideramos ser importante instalar este sistema no Campo de Difusão da Coopermota, que terá os seus resultados mostrados ao agricultor na Coopershow. Esta irrigação é um importante meio de melhorar a produtividade no campo e ampliar a rentabilidade da cultura”, avalia.
De acordo com o diretor técnico da Irriga, Laércio Travain, não há restrições para a adoção deste sistema. Na Coopermota foi utilizado o gotejamento do tipo DripNet PC AS. Conforme dados da empresa, o sistema de diferencial de pressão deste equipamento mantém a vazão da água de maneira uniforme, por meio da utilização de um silicone fixado no gotejador, que age como um diafragma visando manter a vazão linear da água mesmo estando sob diferentes pressões, o que garante a distribuição hídrica e de nutrientes de forma satisfatória à planta. Esta pressão é controlada por um gel distribuído em forma de labirinto por onde percorre a água.
A vantagem das mangueiras estarem enterradas, além de permitir o controle da irrigação de forma pontual, também reduz possíveis danos com a circulação de maquinários no local em que o sistema está instalado. Além disso, o fato da camada superficial da terra se manter seca favorece o controle das ervas daninhas que por ventura venham a se desenvolver no local.
Travain explica que a manutenção da iniciativa é simples, exigindo apenas a aplicação de um inibidor de raiz a cada dois anos para evitar que elas entupam os bulbos do gotejador devido a um possível crescimento exacerbado que atinja o sistema de irrigação. Além disso acrescenta que é necessário utilizar água clorada para garantir a qualidade deste recurso natural e manter os registros sempre limpos. Para viabilizar o sistema, na Coopermota foi instalada uma caixa de 10 mil litros de água para a irrigação propriamente dita e outra de 500 litros destinada aos preparos e à aplicação da fertirrigação, ambas impulsionadas por uma bomba de 1,5cv.
O diretor técnico garante que o sistema de gotejamento subterrâneo carece de um pouco de mais de investimento em relação aos outros tipos de irrigação, porém as vantagens que o produtor obtém com a redução de energia e do consumo de diesel, bem como a menor quantidade de água compensam o gasto inicial em pouco tempo. Outra vantagem está relacionada ao fato de que esta irrigação pode ser utilizada em qualquer tipo de terreno, declividade, ou mesmo possíveis obstáculos como postes, torres, matas ou árvores.
Trata-se de uma adoção pioneira no estado, tendo experiências já exitosas no gênero junto a culturas de citrus e café. Em Garça, o gotejamento é bastante utilizado, porém não é subterrâneo. Porém, a parceria da Coopermota viabilizará esta iniciativa também na cultura da soja. Na última safra de milho, em Palmeira das Missões, no Rio Grande do Sul, por exemplo, foi obtida a produtividade de 770 sacos por alqueire, em uma área de irrigação de gotejamento subterrâneo.