Curso sobre piscicultura em tanque escavado reúne trabalhadores e produtores em Regente Feijó
- COOPERMOTA - CAPACITAÇÃO DO TRABALHADOR
Em quatro dias de teoria e prática, produtores e trabalhadores rurais da região de Regente Feijó participaram do curso sobre piscicultura em tanque escavado. O evento ocorreu entre os dias 14 e 17 de outubro e foi limitado a 20 pessoas, com abordagens sobre toda a cadeia de produção desta atividade, incluindo aspectos desde a construção do tanque, manejo e alimentação, até a sua comercialização final. A iniciativa foi viabilizada por meio de parceria entre a Coopermota, a Faesp/Senar-SP e diferentes instituições de Regente Feijó compreendidas pelo Sindicato Rural, a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), a Prefeitura e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
De acordo com o instrutor da Faesp/Senar, Odenir Visintin Rossafa Garcia, o curso tem o objetivo de capacitar os trabalhadores como prestadores de serviço para este mercado de trabalho que ainda está escasso de mão de obra qualificada, bem como para qualificar os empreendedores a terem o seu próprio tanque para a criação de peixes. “A região de Regente Feijó não possui grandes rios, tendo apenas muitos córregos e pequenos leitos de rio, o que torna mais difícil a criação de peixes em tanques-rede. Nesta realidade, o tanque escavado é mais indicado para a região. Esta é uma cultura ainda muito nova no estado”, comenta.
O gestor da Unidade de Negócios da Coopermota de Presidente Prudente, Clóvis Doná destaca que a cooperativa oferece subsídios, principalmente aqueles ligados à alimentação dos peixes, que podem beneficiar os produtores da região. “A Ração Peixe Coopermota possui uma linha completa de alimentação para esta cultura, desde os alevinos à fase de terminação”, comenta.
Rossafa Garcia acrescenta que existem importantes frigoríficos nas cidades de Buritana, Val Paraíso e Promissão, com capacidade para absorver uma grande quantidade de peixes que venham a ser criados na região. “Ainda não produzimos o suficiente para termos uma exportação de peixes em grande escala. Pelo contrário, hoje somos o segundo maior importador de peixes do mundo. Só perdemos para a China”, afirma o instrutor.
Ele cita o Peixe-panga, da espécie Pangasius como um dos principais peixes importados ao Brasil, porém destaca a qualidade que pode ser obtida mediante a oferta local deste alimento. Rossafa Garcia comenta que o Pangasius é um peixe de couro, “sem sabor”, com alto teor de gordura e possui um preço bastante baixo no mercado brasileiro, o que prejudica a produção local. “O Brasil fez um acordo para a exportação de soja e milho e abriu as portas para a importação dos peixes vindos do Vietnã ao Brasil”, cita. Já o Salmão produzido em cativeiro no Chile é destacado pelo instrutor como um alimento de alta qualidade e produzido com alta tecnologia.
Peixes mais comuns para tanque escavado
O instrutor da Faesp/Senar, Odenir Garcia, comenta que 99% dos peixes produzidos em tanques rede são Tilápias (Oreochromis niloticos), tendo ainda alguns exemplares de peixes de couro. Já no tanque escavado, destaca as espécies de Tambacu, Pacu, Matrinchá, Patinga, Piauçu, Pintado, Lambari e outros. “A produção em tanque escavado é 30% mais barata do que o tanque rede, já que nesta segunda opção há uma maior perda de ração no manejo. Além disso, no tanque escavado há também a filtragem dos plânctons por parte do peixe, o que também é absorvido pelo peixe”, afirma.
Segundo Odenir Garcia, enquanto no tanque rede é gasto 1,8 quilo de ração para a produção de um quilo vivo de peixe, no tanque escavado esta quantidade cai para 1,4 quilo. “Com esta redução de custo o produtor ganha competitividade no mercado, oferecendo um peixe com valor mais baixo”, comenta.
Outra característica da cultura que vem sendo base nas instruções difundidas pelo instrutor em diferentes cursos ministrados por ele é a baseada na reutilização da água para a construção do tanque, com baixa renovação, sendo apenas realizada a reposição das perdas causadas pela evaporação. Ele defende que este manejo permite a adoção de uma maior carga de peixes por meio quadrado e uma cultura ecologicamente sustentável.