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Embrapa conclui pesquisa sobre coinoculação na soja e disponibiliza produto no mercado

08/08/2014

Embrapa conclui pesquisa sobre coinoculação na soja e disponibiliza produto no mercado

  • AUMENTO DE PRODUTIVIDADE

A proposta dos pesquisadores é ampliar a técnica de inoculação desta oleaginosa, buscando a sinergia entre o Bradyrhizobium e o Azospirillum

A adição de duas bactérias no plantio da soja vem sendo apresentada pela Embrapa/Soja-Londrina como uma importante forma de obter alta produtividade da oleaginosa sem recorrer a métodos químicos, os quais, além de não serem interessantes para o controle ambiental, também representam altos investimentos na cultura.
A técnica de inoculação das sementes de soja foi ampliada, sendo sugerida a coinoculação das bactérias Bradyrhizobium e a Azospirillum, seja por meio da adição dos inoculantes às sementes de soja ou ao sulco de plantio. É uma tecnologia estudada há anos por pesquisadores do setor, que começa a ser disponibilizada de forma comercial aos produtores. No mês de abril, a iniciativa foi apresentada com resultados oficiais e com registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em Rio Verde/GO, após alguns anos de pesquisas. A venda ainda está restrita a uma única empresa, porém a base do estudo está disponibilizada para os demais interessados que queriam obter a concessão de comercialização.
Conforme dados apresentados pela agrônoma e pesquisadora da Embrapa, Mariangela Hungria, a inclusão duas bactérias pode resultar em um incremento de até 16% de produtividade na soja, o que seria o dobro de rendimento obtido somente com a inoculação do Bradyrhizobium. Ela explica que esta tecnologia atende aos anseios de altos rendimentos, aliando nesta prática, os cuidados com a sustentabilidade agrícola, econômica, social e ambiental. Hungria destaca que esta “é a primeira vez, em mais de 50 anos, que se recomenda um novo tipo de bactéria para as culturas da soja e do feijoeiro, que não sejam rizóbios”, afirma.
Os dois microorganismos adicionados às sementes de soja favorecem o aumento da área radicular da planta, impulsionada pelo Azospirillum, também utilizado na inoculação do milho e bastante conhecido por suas características de favorecer o crescimento nas gramíneas. O Azospirillum produz fitormônios que resultam no aumento de enraizamento, de nodulações nas raízes, da solubilização do fosfato, entre outros fatores, o que facilita o aproveitamento da água e dos nutrientes disponíveis, resultando em um melhor estado nutricional da planta para o enfrentamento a situações de estresse hídrico e outras intempéries. Por outro lado, a tecnologia combinada com o Bradyrhizobium facilita a fixação biológica do nitrogênio. Este microorganismo transforma o nitrogênio disponível no ar em amoníaco, neste caso, utilizado pela soja para a transformação do nutriente em proteína vegetal, conforme dados da Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes (Anpii).
Os experimentos foram testados no campo em áreas de Londrina e Ponta Grossa, ambas do Paraná. O agrônomo e pesquisador da Embrapa, também responsável pelas pesquisas, Marco Antonio Nogueira, explica que além dos benefícios já comprovados da sinergia entre os dois microorganismos, a coinoculação é uma iniciativa bastante barata, quando comparada a outras iniciativas semelhantes.
Contudo, ele lembra que o plantio das sementes precisa ser realizado em até 24 horas após a adição dos inoculantes às sementes para garantir a eficiência dos microorganismos. Outro cuidado diz respeito ao contato das bactérias com produtos como fungicidas e outros, normalmente adicionados ao tratamento de sementes. Nos casos em que há a utilização de sementes tratadas, recomenda-se a adição dos microorganismos no plantio realizado diretamente nos sulcos de semeadura. Essa medida visa reduzir o contato com os produtos nocivos às bactérias. A inoculação deve ser o último procedimento a ser realizado antes do início do cultivo.
A adição dos inoculantes às sementes pode ser realizado na forma líquida ou incorporado à turfa (substância de origem vegetal, encontrada em regiões pantanosas ou de montanhas, formada pela decomposição de vegetais, tendo, portanto, grande percentual de matéria orgânica em sua composição, em torno de 90%). Os microorganismos precisam ser protegidos do calor excessivo e receber cuidados como a não exposição das bactérias ao contato prolongado, entre outras medidas.
 
Procedimentos de incorporação dos inoculantes
O pesquisador da Embrapa/Londrina, Marco Antonio Nogueira (natural de Cândido Mota) comenta que o próprio produtor é capaz de realizar a adição dos inoculantes às sementes. Para cada hectare são necessários aproximadamente 50 quilos de sementes, os quais devem ser misturados a 100 mililitros dos inocultantes. Os microorganismos podem ser utilizados na forma líquida ou adicionados à turfa. Neste último caso é necessária a adição do açúcar, na proporção de 10% em relação à turfa, o qual serve como um adesivo no processo de inoculação, ofecerendo maior aderência do material às sementes. A solução açucarada possibilita a melhor distribuição e a ampliação da vida útil dos rizóbios na planta, o que proporciona o melhor desempenho da soja. Ambas as opções podem ser realizadas a exemplo da demonstração da auxiliar do Laboratório de Microbiologia do Solo da Embrapa Soja - Londrina, verificada nas fotos abaixo.
Nos casos de utilização dos inoculantes na forma líquida, o plantio da semente pode ser realizada no sulco com um tanque de pulverização adaptado com uma bomba elétrica que bombeia a calda aplicada entre a bota de abertura do bico e a roda.
Na Casa de Vegetação da Embrapa, Nogueira demonstra o maior enraizamento das plantas de soja inoculadas com o Bradyrhizobium e o Azospirillum. Ele explica que a coloração com o verde mais intenso sinaliza um melhor aproveitamento dos nutrientes disponíveis no solo por parte da planta, tendo ainda a maior existência dos nódulos responsáveis pela fixação do nitrogênio.
 

 


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