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Pesquisa analisa influência das correntes de ar na disseminação da Helicoverpa armigera

11/07/2014

Pesquisa analisa influência das correntes de ar na disseminação da Helicoverpa armigera

Um estudo conduzido pela Embrapa/Meio Ambiente – Jaguariúna tem avaliado o potencial de dispersão das massas de ar sobre a mariposa da H. armigera no estado de São Paulo. 
Uma hipótese que vem sendo analisada pela Embrapra Meio Ambiente, analisa a possibilidade de que as mariposas da Helicoverpa armigera estejam sendo conduzidas pelas principais massas de ar que circulam tanto no inverno, quanto no verão brasileiro. O trabalho iniciado em abril do ano passado (2013) pelo Laboratório de Quarentena “Costa Lima” da Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna/SP, investiga o potencial de dispersão das correntes de ar em levar as mariposas de uma área já atacada pela lagarta, para outra em que a sua presença ainda não tenha sido constatada.
Os pesquisadores responsáveis por esta análise, compreendidos por Maria Conceição Peres Young Pessoa, Jeanne Scardini Marinho-Prado e Luiz Alexandre Nogueira de Sá, destacam que as avaliações levam em consideração a rápida dispersão deste inseto em áreas do Mato Grosso do Sul, Paraná e Minas Gerais e a chegada da praga em regiões de São Paulo. O estado paulista estaria no corredor de dispersão das mariposas vindas das regiões já atacadas pela lagarta.
Caso estivessem sendo “carregados” pelas massas de ar, os insetos chegariam ao solo somente se encontrassem, neste percurso, culturas que tivessem maior porte para atuar como barreiras físicas, as quais favoreceriam a descida da mariposa novamente até o chão. Por essa razão, os pesquisadores optaram por identificar quais eram as grandes áreas de cultivos de laranja, café e eucalipto no interior do estado, as quais seriam estas barreiras naturais. Para isso foram utilizadas informações disponibilizadas no Levantamento Censitário de Unidades Produção Agrícola (Lupa), do estado de São Paulo, e também do Sistema de Observação e Monitoramento da Agricultura no Brasil (SomaBrasil), órgão vinculado à Embrapa.
A constatação é de que estas “barreiras naturais” estão localizadas na faixa central do estado, no sentido sudoeste-norte, localização que coincidiria com o sentido da Massa Polar Atlântica. Essa corrente de ar atua no inverno brasileiro, no percurso que segue do Oceano Atlântico para a parte central do país. A hipótese é que ela estaria favorecendo a dispersão da H. armigera de regiões infestadas do Sul do país, principalmente no estado do Paraná, para o estado de São Paulo. A mesma corrente de ar favoreceria a dispersão do inseto para faixas do interior do estado, no mesmo sentido longitudinal sudoeste-norte, favorecendo a dispersão do inseto para o interior do estado.
Já para o período do verão brasileiro, considera-se a possível influência da Massa Equatorial Continental, que conduz ventos da região Norte do país para a região central brasileira, atuando nesta trajetória para a dispersão das mariposas da H. armigera existentes no  Mato Grosso do Sul, para a região norte do estado de São Paulo.
Esses resultados foram comunicados em eventos ocorridos em setembro de 2013 no estado de São Paulo, para alertar quanto às áreas onde os monitoramentos deveriam ser preferencialmente conduzidos, com base nas hipóteses levantadas pelos pesquisadores. Em fevereiro de 2014, a Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo confirmou a presença de H. armigera nos municípios localizados nas mesmas áreas estudadas. Tal fato reforçou a teoria analisada no estudo, considerando que as massas de ar brasileiras possam estar efetivamente favorecendo a dispersão do inseto.
A comprovação da lagarta no estado paulista foi realizada a partir da análise de 39 amostras coletadas em diferentes regiões do estado, em um total de 470 insetos. Destas, 36 foram indentificadas pelo Instituto Biológico como Helicoverpa armigera, provenientes de lavouras de soja dos municípios de Paranapanema, Maracaí, Cruzália, Pedrinhas, Palmital, Cândido Mota, Icém, Palestina, Adolfo, Matão, Araraquara. Entre elas tiveram ainda amostras coletadas em plantações de milho, nas regiões de Itaí, Icém, Araraquara, São Carlos, de algodão, em Itaí, de amendoim e de cana, em Mirasso), de hortaliças e de citros, em Icém e Trabiju, e ainda de áreas de pasto, em São Carlos e Trabiju.
 
A lagarta
Helicoverpa armigera (Hübner) (Lepidoptera: Noctuidae) não é um inseto natural do ambiente brasileiro e já causou grandes danos a vários cultivos do exterior, principalmente em tomate, tabaco, algodão, milho e soja. O inseto foi identificado no Brasil em 2013, em cultivos de algodão e soja dos estados da Bahia, Goiás e Mato Grosso, principalmente. A grande variedade de cultivos que podem ser atacados pelo inseto também é apontada como fator para favorecer sua dispersão das áreas já atacadas para outras áreas do país. Além disso, as condições climáticas brasileiras favorecem a migração e a presença de maior quantidade de descendentes do inseto no país.
 
 

 


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