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Brasil conclui e divulga inédito censo aquícola

18/09/2013

Brasil conclui e divulga inédito censo aquícola

  • MPA – Ministério da Pesca e Aquicultura

O que os piscicultores brasileiros cultivam? De que porte são os  empreendimentos? Quais as tendências de mercado? Estas e outras  perguntas sobre a produção brasileira deste cenário respondidas pelo  Censo Aquícola de 2008. O censo - o primeiro desenvolvido no Brasil  especialmente para este setor - acaba de ser disponibilizado ao público  pelo Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA).

Como se fosse uma fotografia, o censo registra da forma mais completa possível as atividades aquícolas e as suas interações socioeconômicas, considerando o número e o porte das unidades, o perfil dos criadores, as espécies cultivadas e o detalhamento da cadeia produtiva. Isso inclui métodos, estruturas de cultivo (açude, viveiro, tanque-rede e canal de igarapé no Amazonas) e escoamento.

Todas as unidades de produção foram, também pela primeira vez, identificadas por georrefereciamento, ou seja, tiveram a sua exata localização conhecida. “O Censo Aquícola Nacional é resultado de um trabalho inédito no País”,  observa Américo Ribeiro Tunes, secretário de Monitoramento e Controle do MPA. “Pela primeira vez temos informações sobre a aquicultura com uma riqueza de detalhes que nos permitem saber exatamente quem são e onde estão os produtores aquícolas no Brasil, além de outros detalhes estratégicos sobre a cadeia produtiva”,  afirma.


Planejamento

Dedicado apenas a empreendimentos de finalidade comercial, o Censo  Aquícola de 2008, mesmo com informações apuradas há mais tempo, se apresenta como um instrumento fundamental para a administração pública brasileira traçar políticas mais assertivas no fomento da aquicultura nacional. A publicação também é importante para o segmento empresarial conhecer melhor o mercado, assim como para pesquisadores e demais interessados. Aproximadamente 30 mil unidades de produção foram visitadas, das quais 19.494 consideradas, por terem objetivo comercial.

A coleta dos dados – desenvolvida pela Coordenação Geral de Monitoramento e Informações Pesqueiras do MPA – aconteceu em dois anos, entre outubro de 2009 a outubro de 2011. O trabalho mobilizou cinco coordenadores regionais e 28 estaduais (dois deles no Amazonas), além de 227 coletores de dados.

Foram identificados 15.469 produtores de pescado no continente, dos quais 13.495 pequenos, 760 médios e 33 de grande porte, além de mais de mil que não responderam ao questionário. Do universo de produtores, 8.855 criam tilápia - 41% no Sul, 31% no Nordeste, 22% no Sudeste, 3% no Norte e 3% no Centro-Oeste. Na área da maricultura, são 1.585 produtores, dos quais 1.274 pequenos, 183 médios e 63 de grande porte, além de mais 65 que não responderam às perguntas.


Surpresa
Os dados para o Censo Aquícola de 2008 muitas vezes surpreenderam os coordenadores, como se fossem o achado de um tesouro. Assim, algumas

informações, por serem  inusitadas, levaram os responsáveis a  novas checagens com a fonte para confirmação. Foram encontradas 62 espécies de peixes cultivadas em água doce e 15 variadades na aquicultura marinha.

O trabalho registrou, por exemplo, uma grande quantidade de híbridos cultivados no País. Entre eles, tambacu (híbrido de tambaqui vs pacu), patinga (híbrido de pacu vs pirapitinga), tambatinga (híbrido de tambaqui vs pirapitinga) e jundiara (jundiá amazônico vs cachara). Ainda se verificou que na região Sul o cultivo de espécies nativas já estava bastante generalizado, apesar da tecnologia se encontrar em desenvolvimento. Existem 537 criatórios de jundiá – peixe comum nos rios brasileiros – no Rio Grande do Sul e outros 481 em Santa Catarina.

Em Goiás, a diversidade de espécies cultivadas foi maior que a imaginada. Os criatórios se dedicavam a peixes redondos – pacu, patinga, pirapitinga, tambacu  e tambaqui, além de cachara e matrinxã. O robalo, peixe de água salgada e salobra, de carne branca e saborosa, também é criado no litoral de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Espírito Santo, Bahia e Rio Grande do Norte.

Em alguns casos, a criação de robalo ocorreu, experimentalmente, em água doce. O  tarpão no Maranhão é alto inédito, pois não havia registro desta espécie no País. O censo verificou que criatórios de diversos estados abasteciam de pescado os pesque-pagues de São Paulo e Minas Gerais. Desenvolveu-se um serviço especializado no transporte de peixes vivos que termina por agregar valores e proporcionar  diversidades. O estudo revelou que 68% do cultivo de peixes ornamentais estavam concentrados em três estados (Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo).


Macroalgas
O Censo Aquícola de 2008 inovou ainda por identificar os produtores nacionais de macroalgas. O cultivo da alga marinha Gracilaria birdiae (Rhodophyta, Gracilariales) ocorreu no litoral do Ceará e do Rio Grande do Norte.  No litoral do Rio de Janeiro, os produtores se dedicavam à exótica Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Soliariaceae). Estas algas vermelhas são importantes para as indústrias de extração de coloides como Carragenana e Agar.  As duas espécies de alga são vendidas geralmente secas e os seus derivados têm diferentes aplicações na indústria farmacêutica e alimentícia. Estes coloides são comumente encontrados em diversos produtos industrializados e atuam como agente espessante, estabilizante, gelificante e emulsificante. São empregados em  gelatinas, geleias, carnes processadas, produtos derivados do leite, pasta dental ou clarificante de cervejas.


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